PRÊMIOS
Melhor Aluna do Curso de Jornalismo - Newton Paiva - 2005
Prêmio concedido aos alunos que obtiveram melhores notas no primeiro período do curso.
1º lugar do Concurso Jornalismo Cultural - BDMG Cultural - 2007
Matéria vencedora: "Cinema em Minas: fusão de passado, presente e futuro"
O passado e o presente caminham juntos quando o assunto é cinema em Minas Gerais. Além de dedicado produtor de longas e curtas-metragens, o Estado também contribuiu para o nascimento de personagens importantes da história do cinema nacional. Mergulhada em moldes artísticos e com expressões nacionais mais tímidas, a produção cinematográfica em Minas completa 107 anos e comemora o destaque obtido nos últimos anos.
O cinema, em geral, esteve por muito tempo esquecido no Brasil. Mas, os anos de crise se perderam depois que a produção cinematográfica brasileira ganhou impulso, ancorada na conquista de novas verbas. O marco inicial da retomada do cinema se deu com a criação da Lei do Audiovisual, em 1993, que tem o objetivo de criar mecanismos para o fomento da atividade audiovisual.
Durante a retomada do cinema nacional, a produção realizada fora do eixo hegemônico Rio - São Paulo cresceu de forma significativa. Com o apoio econômico cedido pelas leis federais, Minas Gerais começou a produzir mais filmes. O crescimento da produção fez com que em 2004 fosse criado um programa mineiro de estímulo às obras audiovisuais. O “Filme em Minas” concede patrocínio por meio das leis de incentivo federais.
Com o apoio do governo e usando tecnologias mais avançadas, como as digitais, os novos cineastas mineiros conservam características da produção usadas nas décadas de 50 e 60. “A nova geração trouxe aspectos da videoarte e das artes plásticas. Eles conseguiram isso a partir de referências e pesquisas usando outras linguagens”, conta o cineasta mineiro Sérgio Borges. Além do uso de técnicas diferenciadas, o estado conta com outra característica marcante: a produção e direção coletiva de filmes.
O cineasta Sérgio Borges participa de uma produtora coletiva chamada Teia, onde fazem parte mais cinco cineastas. A união entre produção coletiva e o uso de diversas linguagens já rendeu bons frutos. Sérgio, por exemplo, realiza trabalhos desde 1996 e já participou de importantes festivais e mostras no Brasil e no exterior.
Assim como Sérgio, outros realizadores têm conquistado espaço em outros países. “Esse reconhecimento internacional é uma novidade para os filmes mineiros que utilizam linguagens diferentes e está se tornando uma tendência da produção mineira”, diz o cineasta. Mas, apesar do sucesso internacional, a maioria dos filmes produzidos em Minas ainda encontra dificuldades em atingir o público brasileiro. Sérgio explica que “os filmes que tem menos expressão nacional são exatamente aqueles que agradam os estrangeiros, pois eles apreciam mais o uso de manifestações artísticas”.
A produção de filmes não se limita somente à utilização de novas linguagens, os mineiros também produzem filmes que fogem da realização dita “experimental” que é feita pelos coletivos de cineastas. Filmes como Menino Maluquinho (1996), Amor & Cia (1999), ambos do diretor Helvécio Ratton, e O Aleijadinho, de Geraldo Santos já alcançaram grandes bilheterias no país.
Fazendo história
Toda a mobilização em torno da cultura cinematográfica não é novidade em Minas Gerais. A produção de cinema começa cedo, "nos primeiros anos de 1900, com pioneiros como Paolo Cianelli Benedetti e Aristides Junqueira. Eles usavam aparelhos e lentes comprados na Europa ou construídos pelos próprios diretores e produtores", conta o professor do Departamento de Fotografia e Cinema da Escola de Belas Artes da UFMG, Luiz Nazário.
Antes mesmo da implantação do áudio no cinema, o cineasta mineiro Humberto Mauro já movimentava o país com seus trabalhos. Seus filmes fizeram história e ele é considerado até hoje como o pai do cinema brasileiro. “A importância de Humberto Mauro transcende a produção local, sua obra é de importância nacional, sobretudo no cinema mudo, com Tesouro Perdido (1927), Sangue mineiro (1930) e na passagem do cinema mudo para o cinema falado, com Ganga Bruta (1933)”, explica Nazário.
Nas décadas de 50 e 60, Minas já tinha conquistado uma experiência considerável com a sétima arte. Os anos 50 foram os primeiros anos da chamada "época de ouro" da cultura cinematográfica mineira. O marco dessa época foi a criação, em 1951, do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), considerado o maior movimento de cinéfilos do Brasil nesse período. O objetivo do CEC era promover encontros entre os cinéfilos, onde eles podiam debater e apreciar alguns filmes.
Com o surgimento da produção cinematográfica amadora na década de 60, os cineclubes ganham maior espaço no Estado. Nessa época, a maioria dos filmes era produzido por cineclubistas, que, segundo o professor Luiz "eram intelectuais interessados em entender cinema e através dele discutir a realidade que os cercava”.
Os anos 60 foram marcados pela produção de vídeos amadores pelos cineclubistas. Esse movimento intenso de produção fez emergir um novo interesse: a educação cinematográfica, que passou a ser ministrada em seminários, colégios e, por último, nas universidades.
Da preocupação com o ensino surge, em 1962, a Escola Superior de Cinema da Universidade Católica de Minas Gerais. A nova faculdade teve em sua primeira turma nomes hoje renomados no cinema, como Maria Helena Mata Machado, e teve importância fundamental no surgimento da produção de filmes em curta-metragem. A Escola inaugurou o ciclo de produção de curtas em Minas que persistiu pelas décadas de 70, 80 e 90.
Patrimônio nacional
Os curtas e longas-metragens feitos em Minas nas décadas passadas fazem parte da história nacional. Por isso, a conservação e resgate dos filmes é fator de preocupação para a maioria dos especialistas da área. "O cinema dos pioneiros locais já desapareceu quase por completo, como ocorreu com 80% de toda a produção do cinema mudo nacional", conta o professor Luis Nazário que coordena um projeto chamado "Filmoteca Mineira".
"O projeto Filmoteca Mineira pretende divulgar, através da transposição para DVD, algumas raridades, assim como preservar as novas produções realizadas", explica o professor. Desde o início do projeto, já foram produzidos 20 DVD's reunindo mais de 100 títulos de filmes. “São 107 anos de história do cinema que precisam ser restaurados”.
O Estado está, cada vez mais, obtendo destaque no cenário cinematográfico, tanto pela realização de filmes, como também pela defesa de seu acervo. Mesmo com algumas barreiras a serem superadas, Minas Gerais consegue conquistar novos públicos e aumentar seu espaço de representatividade no setor audiovisual.
Mas, os cineastas e as produtoras não caminham sozinhos em prol da movimentação cinematográfica em Minas. O Estado conta ainda com atuação de duas entidades importantes, como a Associação Curta Minas e o Centro de Estudos Cinematográficos, além de um curso universitário de cinema e de festivais e mostras de cinema como o Indie, Fluxus, Fórum.doc , Festival Internacional de Curtas, Mostra Mundial de Cinema Independente, Mostra de Cinema de Ouro Preto, Festival de Cinema de Tiradentes e Curta Circuito.
O futuro do cinema em Minas pode ser próspero, pois novas leis ajudam a fomentar a área audiovisual e estimulam a produção de novos projetos. Os realizadores apostam também em novas formas de fazer cinema para conquistar o público nacional e internacional.
1º lugar do Concurso Universitário O Tempo de Escrever - Jornal O Tempo - 2008
Matéria vencedora: "Belo Horizonte em busca da paz no trânsito"
Uma cidade com ruas e pessoas pacatas, em que bondes e charretes dividem lentamente as vias. Esse era o cenário da capital mineira em suas primeiras décadas, época em que foi nomeada “cidade do tédio”. Mas do tédio, a capital passou bruscamente, nas últimas décadas, para a agitação. E o panorama se alterou com a expansão da capital para além dos limites do planejamento feito por Aarão Reis. Belo Horizonte se consolidou, então, como uma moderna metrópole e com o novo titulo ganhou novos problemas. O mais visível e urgente deles é o trânsito.
Hoje, enfrentar obstáculos no trânsito já faz parte do cotidiano dos moradores da capital. Os entraves começam com os congestionamentos que não respeitam mais os horários de pico da cidade, que somam quilômetros de automóveis estáticos e horas dentro de carros e ônibus. A professora Maria Aparecida, 30 anos, lida com essa situação todos os dias. “Tenho que passar minha manhã em uma fila de carros que não anda, a noite é a mesma coisa. Já tentei mudar o caminho, mas tem carros e motos por todos os lados da cidade”, contou.
Com ares de metrópole, a capital mineira registrou ao longo das décadas um crescimento acelerado em todos os segmentos. De 1998 a 2008, por exemplo, a população belo-horizontina aumentou aproximadamente 15% e a frota de veículos cresceu 108,6%, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN). Com base nesses dados, estima-se que, hoje, a taxa média de motorização seja de cerca de dois habitantes por veículo.
“A cidade teve um crescimento que foi muito além do que era imaginado em sua concepção. E um crescimento que não foi acompanhado de um sistema de transporte e de uma política de ocupação adequada a esse desenvolvimento. Temos também uma organização viária pouco apropriada à evolução da cidade, privilegiando sempre o deslocamento de automóveis para o centro da cidade, que é local mais prejudicado pelo trânsito”, explicou o urbanista e professor da PUC Minas Manoel Teixeira.
De acordo com Teixeira, muitos são os prejuízos da cidade com a situação alarmante do trânsito, os principais são na produtividade e na qualidade de vida. E as alternativas para resolver todos os obstáculos do tráfego em Belo Horizonte são inúmeras. O governo municipal tem investido em obras como construção de viadutos, alargamento de vias e reestruturação do transporte coletivo. Por outro lado, outras iniciativas surgem da sociedade civil como o movimento anual “Na cidade sem meu carro” e a “bicicletada”, manifestação promovida pela ONG Trem para incentivar o uso do transporte por bicicletas. “A bicicleta faz bem para a saúde e não agride o meio ambiente. Não dá para atender a cidade toda de bicicleta, por isso é necessário um sistema de transporte em rede, em que o cidadão possa fazer uma migração de um transporte para outro de acordo com seu deslocamento”, ressaltou o Engenheiro Civil, mestre em transportes e Diretor- Presidente da ONG Trem, Nelson Dantas.
Dantas acredita que um primeiro recurso para o trânsito está vinculado a uma visão mais coletiva por parte do governo e dos cidadãos. “As políticas atuais para o trânsito são para atender os usuários dos automóveis, o que não é uma atitude democrática”.
Depois de uma mudança de visão, tanto Dantas como outros especialistas na área concordam que o principal caminho seja o desenvolvimento de uma rede eficiente e democrática de transporte. Dentro desse sistema, estariam convivendo em harmonia tanto meios individuais, como a bicicleta e o automóvel, bem como meios coletivos, como o bonde, o ônibus e o metrô. Sempre com incentivo e investimento maior para a utilização destes últimos. “Sistemas eficientes de transporte já ocorrem em outros locais, como Curitiba e Bogotá. Para essa rede, o metrô é fundamental”, reforçou o Coordenador de Operações da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Luis Prosdocimi.
“O metrô reduz mortes no trânsito e tem vida útil maior do que outros modais. O ideal é instalá-lo em cada tronco da cidade. Você pode tirar o ônibus e o automóvel desses locais e ganhar velocidade e conforto com isso. As linhas 2 e 3 do metrô estão projetadas para atender esses pontos de demanda, mas ainda não estão concluídas por falta de investimento”, explicou Prosdocimi, que ainda afirmou que se todas as alternativas para o trânsito forem postas em prática, Belo Horizonte voltará a ser uma cidade pacata. “Melhora o trânsito, melhora também a qualidade de vida dos moradores”.